Quem é o mais popular? No passado recente era o atleta da escola, aquele que tinha os óculos da moda, o cabelo mais legal, que dominava as rodas de conversas e tinha muitos amigos. Porém, os grupos eram pequenos e limitavam-se a escola, a turma da catequese, do inglês, do xadrez, da dança, do futebol e até mesmo das brincadeiras de rua. A interação social era limitada a interação humana “analógica”.
Após o surgimento das redes sociais, como Orkut, Facebook, Instagram, Twitter, WhatsApp, Youtube, dentre tantas outras, essa interação humana “analógica” deixou de ser tão importante. O mais popular hoje é aquele que tem mais interação, mais likes, mais curtidas, mais publicações, mais seguidores, nas redes sociais. O usuário pode ser totalmente discreto, mas se emplacar uma frase no momento certo, pode saltar do anonimato para a popularidade com alguns milhares de cliques e visualizações de alcance mundial.
Atualmente o Facebook, uma das mais famosas redes sociais, possui mais de 2,3 bilhões de usuários no mundo. Nesta plataforma, assim como nas outras, costumeiramente, os usuários descrevem quem são, onde moram, quem são os amigos, o que possuem em casa, que roupas usam, que lugares visitam, o que gostam de fazer, dentre inúmeras outras informações. Pela quantidade de visitas a determinado perfil, pode-se inclusive deduzir o que uma pessoa sente pela outra. As possibilidades de análises preditivas realizadas por algoritmos que analisam as informações dos usuários na internet são impressionantes!
Uma questão muito comum e intrigante é: como estas empresas oferecem tantos serviços de forma gratuita e mesmo assim faturam tanto dinheiro? A resposta é simples: elas comercializam as informações pessoais dos seus usuários de forma consentida, pois tais condições encontram-se expressas nos termos de uso, que a maioria aceita, mas não lê. Tais informações possuem muito valor para as empresas e são consideradas hoje o “petróleo do momento”.
Diante de tal cenário, outras dúvidas surgem: O que fazem com nossas informações? Como proteger minha imagem nas redes sociais? As empresas podem pesquisar as redes sociais dos funcionários? Qual a diferença entre rede social e mídia social? O que é público e o que é privado no meio ambiente digital? O que são cookies e como faço para limpá-los? O que fazer caso eu tenha imagens íntimas disseminadas na rede? Quais as recomendações para evitar que situações como estas aconteçam? Aceitar ou não aceitar um pedido de amizade na rede?
Todas as questões acima estão diretamente ligadas a privacidade que é um direito fundamental das pessoas, previsto no artigo 5º, inciso X, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988! Este direito tão importante e tão discutido hoje não é nada mais do que a possibilidade que o indivíduo possui de preservar do conhecimento de terceiros, informações que deseja manter somente para si. É o direito de poder controlar suas informações pessoais e de viver sem ser submetido a uma publicidade que não almeja.
O direito à privacidade refere-se tanto as pessoas físicas quanto as jurídicas, abrangendo a proteção do cidadão dos meios de comunicação em massa, como a televisão, o rádio, os jornais, as revistas, mas principalmente, a internet.
A internet é hoje, um dos mais importantes e imediatos meios de transmissão e recebimento de informações, sobre cultura, política, entretenimento, educação, dentre tantos outros. Com seu alcance global, a internet revolucionou os meios de comunicação entre as pessoas e, facilitou a pesquisa, o trabalho e o desenvolvimento humano. Mas ela também tem muitas coisas perigosas e ofensivas e, embora a geração atual ache que entende tudo de tecnologia, ela não sabe se proteger na rede e a grande maioria não é capaz de reconhecer os riscos que certas atividades online apresentam.
A internet é vista como um universo de informações valiosas, que tem se tornado alvo fácil e de interesse de curiosos e criminosos que praticam ilícitos diversos na rede como envio de mensagens ofensivas, comércio fraudulento, pirataria de software, violação de sistemas de segurança, furto de dados, comercialização ilegal de dados, furto de identidade, furto de dinheiro, transmissão de vírus, disseminação de pornografia infantil, criação de sites de pedofilia, pichação virtual, violação de direitos autorais, dentre tantos outros que vão sendo acrescidos a cada dia.
Por esta razão, especialistas afirmam que a família e a escola precisam educar digitalmente esta geração para que aprendam a utilizá-la com responsabilidade. Para tanto, algumas dicas são importantes:
Aos pais, a seguinte reflexão: "Você deixa seu filho sozinho na rua? A mesma regra vale para a internet". Algumas medidas simples como manter o computador em algum cômodo da casa em que as atividades na internet possam ser monitoradas; observar a idade adequada para o ingresso nas redes sociais; utilizar um software de controle parental no computador e estabelecer um limite de tempo para a criança usar dispositivos informáticos são de grande importância.
Não há, e provavelmente nunca haverá, mecanismos legais ou tecnológicos absolutamente eficazes para o controle de conteúdo na internet, portanto, estabelecer com com crianças e adolescentes uma relação de diálogo aberto e confiança e acima de tudo, manter-se informado sobre segurança digital, ainda é a melhor forma de prevenção e pode contribuir efetivamente para garantir a efetividade do direito à privacidade na atual sociedade da informação, que tem sido um dos maiores desafios do mundo inteiro, pois tem ocasionado diversos danos, tanto para pessoas físicas quanto para jurídicas.
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